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À beira do Rio Mississippi, um esquilo carrega uma nêspera. Ele para, olha fixamente para o céu por alguns instantes e então se desequilibra — é que a fruta, após cair do pé, sofre fermentação e adquire graduação alcoólica.

Enquanto historiadores debatem se o primeiro drinque foi realmente inventado em Nova Orleans (depende do que se considera inventar, dizem, e do que se considera drinque), é consenso geral que a cidade, berço do jazz e lar do Mardi Gras, é também a capital honorária dos coquetéis.

Fundada por colonos franceses em 1718, Nova Orleans teve como um de seus mais célebres imigrantes o farmacêutico Antoine Peychaud, que oferecia conhaque como remédio antirressaca em seu boticário e inventou, na década de 1830, o famoso Sazerac, à base de uísque de centeio. Hoje, a graça está em prová-lo na casa em que Peychaud viveu, transformada em hotel com bar e pátio ao ar livre, e na The Sazerac House, museu multimídia e interativo situado em um belo casarão histórico onde é possível fazer degustações e aprender diversas curiosidades sobre a cultura alcoólica da cidade, como as artimanhas com as quais a população contornou a lei seca vigente nos Estados Unidos de 1920 a 1933.

Entrada do museu The Sazerac House Marília Kodic

Encontrar bons bares em Nova Orleans não é tarefa difícil – até o clube atlético da cidade, fundado em 1872, tem um, o Vaughn’s Pub. Mas são dignos de nota o Brandy Crusta – supostamente o primeiro drinque cítrico da história – do bar Jewel of the South, onde a bebida foi inventada em 1850, e as ótimas versões que o Chandelier Bar, no Four Seasons Hotel, faz do Ramos Gin Fizz, do Hurricane e do Roffignac, todos legitimamente orlenianos.

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A oferta gastronômica não fica atrás: é onde o caldeirão multicultural de influências francesa, hispânica e africana dá seus frutos mais vibrantes. Para os amantes de frutos do mar, boa pedida é o restaurante Pêche, que oferece saborosas preparações de alimentos adquiridos de agricultores e pescadores locais – as ostras são fresquíssimas e o bagre com caldo de chili é uma opção interessante. O chef, Donald Link, está à frente de diversos outros restaurantes da região, entre eles o Chemin à la Mer, no alto do Four Seasons, que oferece uma vista panorâmica única na cidade. Para quem é de foie gras, é servido ali um imbatível, selado e com molho à base de uvas.

Restaurante Pêche: foco nos agricultores e pescadores locais Marília Kodic

A experiência mais autenticamente sulista, no entanto, consiste em sujar as mãos com o crawfish, algo entre o camarão e a lagosta, que se come cozido e descasca-se individualmente, à mesa. O The Galley é um dos restaurantes aos quais os locais vão para curtir a iguaria. Para mais sabores típicos, experimente em diversos endereços da cidade o gumbo, guisado característico da culinária Cajun, e o beignet, bolinho frito doce e leve.

Tecnológico e muito disputado: o Vue Orleans permite uma vista 360º da cidade Marília Kodic

O Vue Orleans é um dos passeios mais disputados do momento: o observatório de 360
o é o melhor ponto da cidade para fazer fotografias alto. O local funciona também como centro cultural, com diversas instalações interativas de alta tecnologia que contam a trajetória da cidade, como fonógrafos gigantes dentro dos quais se vê e ouve a história do jazz. Para um programa curioso, vale apostar na M. S. Rau, loja que pende mais para museu: estão à venda ali quadros de Monet, Picasso e Dalí, uma escultura do Modigliani, relíquias da guerra e toda sorte de joias preciosas. A poucos passos dali, a diminuta livraria Faulkner House Books honra seu célebre ex-morador, o escritor William Faulkner, com uma curadoria de livros impecável.

Não se esqueça, no entanto, de que clichês são clichês por um motivo. Berço e capital mundial do jazz, Nova Orleans inspira e emana música, algo que só pode ser plenamente compreendido por quem testemunha o momento em que clarinete, saxofone e tuba se alinham numa jam session improvisada entre as casinhas coloridas com varandas de ferro no histórico French Quarter.

NOVIDADE SABOROSA

Um faustoso e cintilante lustre feito de 15 mil cristais dá o tom do Four Seasons Hotel New Orleans – é bem ali, no lobby, que fica o intimista e badalado Chandelier Bar. Às margens (e com belas vistas) do Rio Mississippi, a uma pequena caminhada do histórico French Quarter, do Warehouse Arts District e de uma infinidade de parques e áreas verdes, o hotel inaugurado em 2021 é uma das melhores opções para quem procura uma hospedagem repleta de sofisticação e ótimos serviços. Além do Chemin à la Mer, ele abriga o restaurante Miss River, comandado pelo israelense-americano Alon Shaya, que recria com elegância receitas típicas da região – destaque para o gumbo de pato e o “arroz sujo” em panela de barro.

Chemin à la Mer Marília Kodic

Um dos diferenciais da rede, o serviço de concierge está disponível em um tablet no quarto e também por aplicativo de celular: basta enviar uma mensagem via chat e a resposta vem em segundos. Estão à disposição dos hóspedes uma bela piscina no rooftop, um centro fitness 24 horas e um spa – onde, bem ao estilo de Nova Orleans, os clientes são recebidos com uma tacinha de espumante.

TERESA PEREZ INDICA

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Onde Ficar

Four Seasons Hotel New Orleans

Localizado no centro da cidade, no famoso French Quarter, o Four Seasons possui uma bela vista para o rio Mississipi, um dos maiores do mundo e mais longo dos Estados Unidos. No Chemin à la Mer, restaurante com foco em frutos do mar, a experiência fica ainda melhor depois de se visitar a fazenda de ostras do hotel, um dos programas mais empolgantes ao lado do show de jazz privativos que ocorrem em parceria com a Preservation Hall Jazz Band

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