Conhecer as antigas Repúblicas Soviéticas que compunham a região do Mar Báltico sempre foi parte dos meus planos e da minha bucket list.

Com o passar do tempo e vários itens sendo riscados dessa listinha de futuras viagens, nunca abri mão da curiosidade de saber como ficaram esses países que foram dominados por tantos anos e tiveram sua libertação no pós-Guerra Fria. Para otimizar um roteiro que, feito por terra, pediria uma logística gigante e complicada, minha opção foi realizar a viagem navegando.

O cruzeiro para apenas 596 passageiros a bordo do navio Silver Dawn, da companhia Silversea, me atendia em todos os quesitos: sofisticação a bordo, cabines espaçosas e extremamente confortáveis, serviço de mordomo disponível em todas as categorias, gastronomia impecável e variada (são nove restaurantes e inúmeros bares), spa completíssimo, academia e mil atividades para os intervalos de navegação entre um país e outro. Isso sem falar em todos os desembarques nas cidades com uma infinidade de opções de passeios de acordo com os interesses de cada hóspede.

Deck do navio Silver Dawn Silversea/Divulgação

Palestras a bordo sobre os destinos e guias locais experientes em todas as paradas nos contando detalhes sobre cada lugar compunham o suprassumo do luxo para qualquer viajante exigente como eu.

Mar à vista entre Dinamarca e Finlândia

Nosso embarque aconteceu em Copenhagen, capital da Dinamarca, uma cidade que eu adoro. Recomendo, aliás, separar alguns dias na ida ou na volta do cruzeiro para curtir tudo que o destino tem a oferecer: gastronomia excelente e reconhecida mundo afora, hotelaria refinada, museus incríveis e muita história.

Marina em Karlskrona, Suécia iStock/Issaurinko

O primeiro desembarque da nossa aventura foi em Karlskrona, na Suécia, uma cidade costeira localizada no sudeste do país que é a capital da província de Blekinge. Em 1998, Karlskrona foi declarada Patrimônio Mundial pela Unesco devido ao seu valor histórico e arquitetônico. Além de sua importância histórica, a cidade é conhecida pela beleza natural e abriga várias instituições acadêmicas e de pesquisa. O segundo e terceiro dia foram dedicados a conhecer Estocolmo, capital e maior cidade da Suécia. Uma metrópole moderna e próspera, conhecida por sua arquitetura impressionante, pelo estilo de vida descontraído e pela qualidade de vida elevada.

Palácio de Estocolmo iStock/ bluejayphoto

O que você não pode deixar de conhecer em Estocolmo

Fotografiska: Museu de fotografia contemporânea com exposições emocionantes e vistas deslumbrantes da cidade.
Gamla Stan: O charmoso Centro Histórico de Estocolmo, com ruas de paralelepípedos, prédios coloridos e a imponente Catedral de Estocolmo.
Palácio Real de Estocolmo: Residência oficial da família real sueca, com salões suntuosos e a troca da guarda real. Museu Vasa: Museu dedicado ao Vasa, um navio de guerra do século 17 incrivelmente preservado. O local me surpreendeu como highlight e achei imperdível!
Skansen: o primeiro museu ao ar livre do mundo apresenta a cultura e a história da Suécia.

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Jo Malone
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A surpreendente Estônia

Continuando o roteiro dos dois dias seguintes, fomos explorar a cidade de Tallin, na Estônia, que foi fundada no século 13 por colonos dinamarqueses e, na época, recebeu o nome de “Reval”. Durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade foi ocupada pela União Soviética e pela Alemanha nazista. A ocupação soviética foi retomada em 1944. A Estônia recuperou sua independência em 1991, após o colapso da União Soviética, e Tallin se tornou a capital da nova república independente e tem experimentado um crescimento econômico significativo desde então. Atualmente, é conhecida por sua bela arquitetura medieval, com a Cidade Velha (Vanalinn) sendo Patrimônio Mundial da Unesco. É realmente imperdível se perder pelas ruelas estreitas antigas, um verdadeiro cenário de filme.

Kumu Art Museum iStock//Stanislav Onasenko

Nos cruzeiros da Silversea, temos a oportunidade de escolher diversos tipos de atividades durante os desembarques nas cidades.

Em Tallin, nós optamos por um tour que considerei um dos mais inusitados e diferentes que já fiz. Revivemos toda a era soviética em um ônibus original de época, guiado por um exímio contador de histórias, que dava detalhes superinteressantes e únicos desse momento marcante da história durante o período de controle soviético.

Pontos importantes a visitar em Tallin

Cidade Antiga de Tallin (Old Town): Cidade medieval bem preservada, com ruas de paralelepípedos, igrejas e muralhas antigas.
Catedral de Alexander Nevsky: Igreja ortodoxa russa com cúpulas em formato de cebola.
Toompea Castle: Fortaleza no topo da colina Toompea, que abriga o Parlamento da Estônia e proporciona belas vistas.
Kumu Art Museum: Museu de arte moderna e contemporânea, com uma coleção diversificada de obras de artistas estonianos.
Parque Kadriorg: Parque repleto de jardins bem cuidados, lagos e monumentos, ideal para passeios e relaxamento.

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Finlândia a partir do sexto dia

Foi no amanhecer do sexto dia de viagem que atracamos no porto de Helsinki, capital da Finlândia e também a maior cidade do país. Em 1809, a Finlândia foi cedida à Rússia pelo Império Sueco e Helsinki foi escolhida como a capital do Grão-Ducado Autônomo da Finlândia. Durante o período de domínio russo, Helsinki passou por um rápido processo de desenvolvimento e modernização, sendo redesenhada em estilo neoclássico pelo arquiteto Carl Ludvig Engel, que deixou uma marca significativa no seu cenário urbano.

Catedral Uspenski, em Helsinque, Finlândia iStock/bruev

Vários edifícios icônicos, como a Catedral de Helsinki e a Universidade de Helsinki, foram construídos durante esse período. Hoje, a cidade é conhecida por sua arquitetura única, por design moderno, alta qualidade de vida e avanços tecnológicos importantes. É um destino cheio de vida, repleto de parques e com a qualidade de vida nas alturas!

Passeios imperdíveis em Helsinque


Catedral de Helsinki: Com localização central, na Praça do Senado, é um ícone da cidade, com sua arquitetura neoclássica impressionante.
Market Square (Kauppatori): Animado mercado ao ar livre à beira-mar, onde você pode saborear comidas locais, comprar artesanato e pegar um ferry para as ilhas.
Design District: Área repleta de galerias, cafés de design finlandês renomado e lojas, inclusive Marimekko e Iittala. Lugar perfeito para um passeio sem rumo.
Parque Central de Helsinki: Parque urbano com lagos, trilhas para caminhadas, ciclovias e áreas de lazer ao ar livre.
Museu Nacional da Finlândia: Ideal para aprender mais sobre a história e a cultura finlandesas, com exposições interativas e artefatos históricos.

Vista do Centro Histórico de Riga, Letônia, com o Rio Daugava ao fundo. iStock/Marcus Lindstrom

No oitavo dia os caminhos para Lituânia, Letônia e Polônia

O oitavo dia foi em Riga, capital e maior cidade da Letônia. A metrópole tem uma rica história de mais de 800 anos. Foi fundada em 1201 e se desenvolveu rapidamente como um importante centro comercial e portuário ao longo dos séculos, principalmente devido à sua localização estratégica em relação ao Rio Daugava, que dava acesso ao Mar Báltico. Durante a Segunda Guerra Mundial, Riga foi palco de intensos combates e sofreu extensos danos.

Com o término da guerra, a Letônia foi incorporada à União Soviética, e Riga foi reconstruída sob o domínio soviético. Após a restauração da independência da Letônia, em 1991, Riga se tornou novamente a capital do país e uma das cidades mais importantes do Báltico. É absolutamente encantadora, com suas fachadas decorativas – detalhes ornamentados, esculturas, arabescos e elementos (catedral) florais fazem desses edifícios verdadeiras obras de arte a céu aberto.

A Praça Dome, com seus cafés e restaurantes no Centro Histórico de Riga, Letônia iStock/RossHelen

No nono dia de navegação chegamos a Klaipeda, dona de uma rica história marítima, com um importante porto comercial da Lituânia. Cercada por belas praias, oferece várias opções de lazer ao ar livre. Nas últimas décadas, a cidade se desenvolveu como um importante centro econômico e cultural da Lituânia.

Acordamos na Polônia no décimo dia, e a minha opção de passeio em Gdansk foi visitar o Campo de Concentração de Stutthof, lugar de trabalho forçado e extermínio localizado próximo à cidade de Sztutowo. Esse campo foi estabelecido pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e operou de setembro de 1939 a maio de 1945. O espaço é preservado atualmente como memorial e museu, além de servir como um lembrete sombrio dos horrores do holocausto e dos crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial. Passamos algumas horas vendo os vestígios e imaginando o horror que aquelas pessoas viveram ali. A crueldade da história retratada nesse capítulo hediondo que deixou tantas marcas.

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É um deleite passear por Riga! Não deixe de conhecer:

Cidade Velha de Riga (Vecrīga): Ruas de paralelepípedos, igrejas históricas, praças pitorescas e arquitetura art nouveau nessa zona declarada Patrimônio Mundial da Unesco.
Mercado Central de Riga (Centrāltirgus): Mercado colorido, um dos maiores da Europa, com produtos locais, queijos, peixes e carnes frescas.
Parque da Cidade (Bastejkalns): Parque urbano encantador, com pontes pitorescas, jardins bem cuidados e um canal sereno.
Jardins Botânicos de Riga (Botāniskais Dārzs): Belos jardins botânicos para admirar uma variedade de plantas, flores e árvores exóticas.
Museu de Arte de Riga (Latvijas Nacionālais Mākslas Muzejs): Coleção de arte letã e exposições de artistas internacionais.

Mercado Central de Riga, o maior da Europa iStock/momo11353

Caminho de volta

Começando a traçar a rota de volta, fizemos uma parada em Rønne, a maior cidade da ilha de Bornholm, na Dinamarca. Ali vivem apenas 13 mil habitantes, e a cidade tem um charme especial, com suas ruas de paralelepípedos, casinhas de madeira colorida e edifícios históricos bem preservados. Além das belezas naturais, Rønne e a ilha de Bornholm oferecem muitas atrações para os visitantes, como o Bornholms Museum, que conta a história da ilha, e o Bornholms Kunstmuseum, que exibe arte contemporânea.

Navio Silver Down Silversea/Divulgação

A gastronomia local também é um destaque, com pratos tradicionais à base de peixes e produtos locais. Rønne e Bornholm são ideais para quem busca tranquilidade, paisagens naturais bem bonitas e uma atmosfera bastante acolhedora.

Vista do Portão de Brandemburgo, na Pariser Platz, Berlim iStock/PeterJesche

Já a caminho de Copenhagen, onde se deu nosso desembarque, fizemos uma parada estratégica em Berlim, com programação livre. A história de Berlim é repleta de eventos impactantes e transformações ao longo dos séculos. Desde sua fundação medieval, como uma pequena cidade comercial às margens do Rio Spree, Berlim cresceu para se tornar a capital do Império Alemão durante a unificação da Alemanha, em 1871. A cidade testemunhou a ascensão e queda do regime nazista, com o governo de Adolf Hitler deixando cicatrizes profundas em sua história. Hoje, Berlim é uma cidade cosmopolita e diversificada, refletindo sua história complexa e sua capacidade de se reinventar. Com seus museus mundialmente famosos, parques expansivos, monumentos históricos e cultura pulsante, Berlim continua a os cativar e a se destacar como uma das cidades mais fascinantes da Europa!

Boros Bunker Boros Collection/©NOSHE

No desembarque em Copenhagen, eu estava repleta de gratidão e satisfação por tudo o que pudemos viver durante a viagem. Foi um roteiro cheio de muito conhecimento histórico, feito de uma forma leve, contemplativa e com uma logística impecável. Se você ainda tem dúvidas em viajar em um cruzeiro, uma boa dica é testar a experiência em uma viagem de conhecimento, com paradas em pontos que despertem a sua curiosidade, e optar por uma companhia de confiança que agregue tanto na experiência a bordo quanto em terra. Eu te garanto que você terá uma experiência memorável em todos os sentidos!

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