A Groenlândia é o lar da rica tradição Inuit e a viagem proporciona a combinação perfeita de esportes de aventura, imersão cultural e lições de respeito à natureza.

Existem lugares que parecem adormecer no inverno, aguardando pacientemente o primeiro toque da primavera. Ilulissat, na mítica Disko Bay, é um deles. Essa pequena cidade de 4 mil habitantes, estrategicamente localizada na margem do Ilulissat Icefjord, Patrimônio Mundial pela Unesco, foi o local escolhido para a minha expedição na Groenlândia, a maior ilha do mundo, uma das regiões mais selvagens e intocadas do planeta.

Com a perspectiva de dias mais quentes, as portas da aventura começam a se abrir nesse destino, que combina lindas paisagens, geleiras milenares e montanhas extremamente íngremes. Mais do que isso, a Groenlândia é o lar da rica tradição Inuit e a viagem proporciona a combinação perfeita de esportes de aventura, imersão cultural e lições de respeito à natureza.

Karina Oliani

Localizado a apenas 250 quilômetros ao norte do Círculo Polar Ártico, o Ilulissat Icefjord é um dos glaciares mais importantes do mundo. Essa joia natural é responsável por um espetáculo único da natureza; entretanto, o Ilulissat também sinaliza um alerta a respeito do impacto das mudanças climáticas no planeta, uma vez que aproximadamente 10% de todo o gelo desprendido da Groenlândia vem dele.

Karina Oliani

A Groenlândia é o lar da rica tradição Inuit e a viagem proporciona a combinação perfeita de esportes de aventura, imersão cultural e lições de respeito à natureza

Com icebergs monumentais que parecem flutuar em câmera lenta, esse glaciar é o lugar mais visitado da Groenlândia, porém não se engane: a região é bastante remota e há poucos voos internacionais diretos para lá – é quase sempre necessário aterrissar antes, em Kangerlussuaq, e depois pegar outro avião.

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Caminhos possíveis

Existem muitas formas de vivenciar o Ilulissat Icefjord, desde as mais convencionais até as mais radicais. As trilhas Red, Yellow e Blue proporcionam, cada uma, a sua visão única do gelo. A Red Trail, a mais longa delas, é uma verdadeira imersão de seis a sete horas nas paisagens épicas da região. No entanto, se você tiver tempo, faça as três trilhas – cada uma oferece uma perspectiva diferente da imensidão gelada. Os passeios de barco também são uma maneira espetacular de navegar entre icebergs, capturando a variação de cores e formas que só o Ártico propicia.

Karina Oliani

Já o caiaque, ou qajaq, uma tradição Inuit, conecta o aventureiro às raízes culturais locais. Essa embarcação construída com madeira e pele de foca era utilizada tradicionalmente para caça e pesca nas águas geladas do Ártico. Remar nela me fez refletir sobre a engenhosidade dos povos indígenas e sua profunda conexão com o ambiente extremo da região. Os passeios também proporcionam oportunidades para observar baleias em seu habitat natural, um espetáculo incrível e único.

Para os mais ousados, o wakeboard entre icebergs é uma experiência desafiadora e emocionante. Em Disko Bay, pratiquei stand up paddle, caiaque e wakeboard com a Inuk Adventure. Fazer wake a 22 milhas náuticas por hora em água a cerca de 2 ou 3 graus Celsius: este é um dos esportes mais inusitados, recomendado apenas para quem tem experiência, devido aos desafios de se desviar de icebergs e andar ao lado de geleiras imprevisíveis.

Karina Oliani

Com toda essa grandiosidade e silêncio, o fiorde de gelo de Ilulissat me ensinou um novo significado de aventura: não é apenas sobre o que exploramos lá fora, mas sobre o que descobrimos dentro de nós

Outra experiência bastante recomendada em Disko Bay é velejar sob o sol da meia-noite. A bordo do Abel Tasman, velejei mais de 1,2 mil quilômetros ao lado do grande explorador e velejador Sylvestre Campe, algo inesquecível. Um verdadeiro espetáculo está nas famosas “esculturas de gelo” que pontuam a baía. Navegar entre esses imensos icebergs, iluminados pela luz dourada da noite ártica, é uma lembrança que ficará comigo para sempre.

E, para os que buscam uma conexão ainda mais profunda com o gelo, o mergulho revela o que 90% de um iceberg esconde: um mundo subaquático silencioso, repleto de beleza natural. Sempre amei mergulhar no gelo, considero um ambiente de serenidade e pura descoberta. A transparência das águas desvenda formações de gelo escondidas e cria um jogo de luz e sombra que é, ao mesmo tempo, hipnotizante e deslumbrante.

Karina Oliani

Em Ilulissat, a melhor forma de se locomover é a pé ou de bicicleta, em virtude das curtas distâncias e da beleza da paisagem. Enquanto estava lá, tive o prazer de reencontrar a velejadora Tamara Klink. Eu podia avistar o Sardinha (veleiro onde a ela invernou) da janela do meu quarto. Com toda essa grandiosidade e silêncio, o fiorde de gelo de Ilulissat me ensinou um novo significado de aventura: não é apenas sobre o que exploramos lá fora, mas sobre o que descobrimos dentro de nós.

A viagem só foi possível graças ao apoio da Visit Greenland, que abriu as portas para esse mundo remoto e fascinante. Gratidão é pouco para expressar o quanto essa experiência transformadora significou para mim.

Nunatta Katersugaasivia Allagaateqarfialu

O nome assusta, mas o acervo é imperdível. Mergulhei na rica história e cultura Inuit neste que é o maior e mais abrangente museu da Groenlândia. Eu vivo me desafiando e explorando os ambientes mais extremos e inóspitos do planeta, mas conhecer e ver como esse povo sobreviveu por séculos nesse continente de gelo com tão poucos recursos e tecnologia é algo fascinante. Trajes tradicionais Inuit, exposições sobre a vida cotidiana no Ártico, a famosa múmia de Qilakitsoq… Esse museu é conhecido por suas impressionantes coleções de artefatos históricos, e é uma oportunidade valiosa para apreciar a beleza e complexidade da vida no Ártico.

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