Mais de cinco séculos de história são narrados às suas margens e entre as suas emblemáticas pontes – a moderna Vasco da Gama, num extremo, e a emblemática 25 de Abril, no outro. O futuro? Esse está sempre à espreita para escrever novas linhas.
“O Tejo é o mais belo rio que corre pela minha aldeia”, escreveu Alberto Caeiro, o heterônimo bucólico do escritor Fernando Pessoa. Além de belo, o Tejo é colossal. Trata-se do maior rio em extensão da Península Ibérica: com mais de mil quilômetros de comprimento, ele corta Portugal longitudinalmente até desaguar no Atlântico depois de se despedir da capital. As sete colinas de Lisboa descem poeticamente em sua direção, como em reverência. E, especialmente no verão, é ali que repousa (ou não!) a alma lisboeta.
Às margens do além
Um dos principais cartões-postais de Lisboa, a Praça do Comércio foi, durante séculos, a nobre porta de entrada da capital. Por entre os pilares do Cais das Colunas, devolvidos à cidade depois de obras de revitalização na região, em 2008, visitantes ilustres adentraram terras portuguesas – entre eles a Rainha Elizabeth II, em 1957.
O coração da cidade é o ponto de partida para explorar a beira-rio. Antes, porém, que tal um café num dos mais tradicionais endereços de Lisboa? Fundado em 1782, o Martinho da Arcada era praticamente a segunda casa e o escritório de Fernando Pessoa. Está lá imortalizada a sua mesa.
Na própria praça ficam outras duas atrações incontornáveis: o Lisbon Story Center, museu interativo que narra a história capital, e o Arco Triunfal da Rua Augusta. Inaugurado em 1875, o monumento, que simboliza a força de Lisboa após o terremoto de 1755, está aberto ao público desde 2013.
É possível subir até o topo para ter uma vista de 360º da cidade, com uma visão privilegiada da Baixa, das construções pombalinas e das esculturas de Célestin Anatole Calmels que o adornam. Uma vez de pés no chão novamente, Lisboa deve ser explorada tanto para a esquerda quanto para a direita do rio.
Rumo à esquerda, os novos ares vão dar ao Parque das Nações, onde fica o imperdível Oceanário, lar de mais de 8 mil espécies de animais marinhos em 5 milhões de litros de água salgada. Por ali chega-se também à estação de trens desenhada pelo espanhol futurista Santiago Calatrava e a uma nova onda de ótimos restaurantes, caso do Cantinho do Avillez, onde clássicos da culinária portuguesa são revisitados pelo estrelado chef José Avillez.
Rumo à direita, logo se alcançam os quiosques animados da Ribeira das Naus, o pit stop perfeito no calor do verão para uma imperial, o chope português. A poucos passos dali, o Pap’Açorda, nos andares superiores do Time Out Market, serve as melhores açordas (espécie de papa à base de pão) do país e uma inesquecível mousse de chocolate como grand finale. Antes de chegar a Belém, pausa para uma vista arrebatadora: a Experiência Pilar 7 descortina um visual incrível a partir de um dos alicerces da Ponte 25 de Abril.
Mas é em Belém que passado e presente se fundem por meio dos maiores monumentos da cidade. Como representantes do passado, a famosa torre de onde partiam as caravelas rumo ao Brasil, o Padrão dos Descobrimentos, o Mosteiro dos Jerónimos.
A dose de modernidade vem em forma de onda, nos traços que a arquiteta inglesa Amanda Levete imprimiu no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia – MAAT, e nas linhas retas do Centro Cultural de Belém, o CCB. O brinde final acontece bem pertinho das águas do rio: o Wine With a View é um carrinho estrategicamente posicionado para o espetáculo do pôr do sol, com um menu de ótimos vinhos servidos em taça.
Tim-tim!