Há diversos ciclos que marcaram Paraty. O primeiro, o Ciclo do Ouro, no século 17, jogou luz à primitiva Vila de Nossa Senhora dos Remédios de Parati, logo alçada à condição de entreposto essencial para escoar as pedras preciosas e o ouro das Minas Gerais para Portugal.

No século 18, o Ciclo da Cana transformou a vila em uma das maiores produtoras de cachaça do país – pense em algo em torno de 200 engenhos e mais de cem destilarias funcionando a todo vapor. O próximo ciclo a confirmar a importância estratégica de Paraty foi o do café, no século 19. O então produto símbolo do desenvolvimento nacional saía do Vale do Paraíba e em Paraty era embarcado para a Europa.

Vista do mar a partir da Villa Bom Jardim Alexandre Eça

O mais recente desses ciclos tem duas fases. O Ciclo do Turismo tomou forma nos anos 1970, com a finalização da estrada Rio-Santos, e fez a cidade ganhar status de joia arquitetônica preservada pronta para ser descoberta. Paraty estava, finalmente, acessível a quem apenas desejava ver de perto um conjunto de casas e prédios que se modificaram muito pouco em 200 anos. Quando a Unesco, em 2019, listou a cidade (juntamente com a baía de Ilha Grande) entre os 22 bens brasileiros reconhecidos como de valor universal por sua cultura e natureza, estava iniciada a segunda etapa desse ciclo do turismo. É a Paraty, agora, definitivamente Patrimônio Mundial da Humanidade. A euforia por fazer parte de uma lista reconhecida em todo o planeta durou alguns meses e foi interrompida pelo início da pandemia, em março de 2020. Os meses que se seguiram foram de um turismo basicamente doméstico, e só agora a cidade volta com força a receber visitantes de todos os lugares do mundo.

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CULTURA E NATUREZA VERSÃO SÉCULO 21

Caminhando pelas ruas do Centro Histórico de Paraty é fácil perceber a diversidade estampada em cada esquina. Ouvem-se conversas em inglês, francês e italiano. Não é raro encontrar placas comerciais e cardápios em bares e restaurantes com traduções para esses idiomas. Há também um clima gay friendly na cidade, bem como opções de lojas, oferta gastronômica e de arte para todos os estilos. Grifes nacionais e estilistas hypados instalam pop up stores sazonais. Hotéis aparecem renovados, com ares cosmopolitas no lugar do outrora “clima pitoresco”. Essa movimentação cultural, de quem olha para o Brasil e, ao mesmo tempo, está atento ao contemporâneo universal, se junta a uma natureza exuberante em todos os sentidos.

Rua no Centro Histórico Donatas Dabravolskas Photography/iStock

Paraty está inserida no segundo maior remanescente florestal da Mata Atlântica, com cerca de 80% da sua cobertura natural preservada, que serve de lar para diversas espécies endêmicas de fauna e flora. Quem chega por lá não deixa de aproveitar um recorte inspirador do Brasil litorâneo. Visitar suas dezenas de ilhas em passeios de barco é programa obrigatório. Em Paraty, passa-se um bom tempo no  mar, navegando – lifestyle com atmosfera típica de destinos do Rio de Janeiro, incluídas aí as paisagens da vizinha Ilha Grande, já pertencentes a Angra dos Reis.

O FUTURO

O novo ciclo do turismo vem acompanhado por estratégias de preservação e sustentabilidade em andamento, atualizações dos perfis culturais, artísticos e gastronômicos, mas nem de longe sugere descaracterização. Em tempos de ESG, que define o conjunto de boas práticas como forma de causar impacto e fazer a diferença nas comunidades em que estão presentes, hotéis e pousadas incorporam à agenda ações positivas para a cidade. Pelo lado ambiental, uma das iniciativas mais importantes visa ao saneamento básico. O projeto tocado em parceria pela Prefeitura de Paraty e pelo Sandi Hotel busca tirar do papel uma miniestação de tratamento de água que alcança todo o quarteirão do hotel, no Centro Histórico. A ideia, segundo Sandi Adamiu, proprietário e administrador do Sandi Hotel, é que outros empresários tomem a mesma atitude para planejar um Centro Histórico saneado.

Bar do Sandi Hotel

Entre as iniciativas de cunho social, o hotel e a prefeitura estão empenhados em formar a Orquestra Municipal de Paraty, composta de 60 crianças e jovens de diferentes bairros da cidade, e uma Escola de Boxe na periferia de Paraty. Além disso, já apoiam, há alguns anos, o projeto social Educar pela Dança, da Associação Cia. Dança e Arte Paraty, destinado a atender crianças, jovens e adultos com aulas gratuitas de balé e jazz. Desde 2004, o projeto já atendeu mais de 2 mil alunos.

Villa Bom Jardim: a 10 minutos de barco das marinas de Paraty e cercada pela natureza, é opção de hospedagem para famílias e grupos Marcelo Isola

Outra iniciativa que acabou de ser inaugurada é uma Fazenda Marinha, no Pouso da Cajaíba, para o cultivo de vieiras (coquille). Ali, em um dos lugares mais bonitos da baía de Paraty, a ação envolve apoio a famílias da comunidade, para que essas pessoas possam ganhar seu sustento com o projeto. As vieiras cultivadas na Fazenda Marinha são servidas no Sandi Hotel, no happy hour e em verdadeiros shows gastronômicos em que os hóspedes têm o privilégio de saborear os frutos do mar frescos, colhidos no dia. A experiência pode ainda ser ampliada, com um passeio de barco até a Fazenda Marinha para conhecer o cultivo das vieiras, com um almoço à beira-mar. A Paraty para todos, colonial, histórica, marítima, dos sabores essencialmente brasileiros, está por onde quer que se olhe. São símbolos reconhecíveis que a definem, mas não a prendem ao passado.

TERESA PEREZ INDICA

Reserve com a Teresa Perez

Onde Ficar

Sandi Hotel

Antes chamado Pousada do Sandi, o agora hotel tem se transformado. As novidades são diversas: do quadrado mágico anexado ao hotel com restaurante, sorveteria, café e um bar supercontemporâneo, o Apothekário, passando pelas renovadas acomodações – que mantêm inspirações na arte e no design brasileiro – e chegando até novas instalações com um pool bar e atelier de cerâmica, onde os hóspedes podem fazer um workshop e produzir as próprias peças. Em breve, o hotel também contará com um restaurante pan-asiático, com cardápio criativo inspirado em terra e mar.

Villa Bom Jardim

Opção para famílias e grupos de amigos e um refúgio em meio à Mata Atlântica, a Villa Bom Jardim ocupa uma área de 30 mil metros quadrados. Partindo de barco das marinas da cidade, em 12 minutos os hóspedes chegam à propriedade de frente para o mar, que é composta de uma casa principal e de um loft instalado sobre as águas. Na casa principal, que leva a assinatura da designer Sandra Foz na decoração essencialmente brasileira, são sete suítes para até 12 hóspedes, living, área de churrasco, área gourmet, sauna ecológica e academia. No loft, com design contemporâneo, há três suítes e deque ocean front. As duas propriedades têm staff dedicado, formado por cozinheira, marinheiro, arrumadeira e caseiro, e dispõem de equipamentos para atividades aquáticas, como caiaque, wakeboard, stand up paddle e tapete náutico flutuante.

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