Sede da Igreja Católica, berço de conclaves históricos — como o recente, que marcou a sucessão de um Papa pela primeira vez em mais de uma década —, o menor país do mundo é também um dos lugares mais vigiados e visitados do planeta.
Mas existe um Vaticano que poucos têm a chance de conhecer. Um Vaticano de portas fechadas, de corredores silenciosos, de obras-primas reveladas à luz do amanhecer ou no silêncio após o pôr do sol.
Experiências que transformam o olhar sobre esse território cercado de história e espiritualidade, vivências raras, que permitem acompanhar a abertura oficial dos Museus Vaticanos com o clavigero e suas mais de 300 chaves, visitar a Capela Sistina a sós após o horário regular ou acessar a Basílica de São Pedro antes da multidão. Momentos em que o tempo parece suspenso e o Vaticano se revela em sua essência mais autêntica.
PORTAS ABERTAS PARA POUCOS
Entre as experiências mais singulares está a oportunidade de acompanhar o ritual oficial diário da abertura dos Museus Vaticanos e não apenas como visitante, mas ao lado do próprio clavigero, o guardião das chaves que abrem as portas de um dos maiores acervos de arte do mundo.
É um momento quase litúrgico: atravessar a Escada Simonetti, ver as galerias se iluminarem uma a uma — o Museu Pio Clementino, a Galeria dos Candelabros, das Tapeçarias e dos Mapas, até chegar às Salas de Rafael. E então, um instante raro: entrar na Capela Sistina ainda vazia, quando a luz do amanhecer revela os afrescos de Michelangelo. Ali, por cerca de vinte minutos, o espaço sagrado pertence apenas a quem vive a experiência. O passeio termina no pátio da Pigna, com um café da manhã servido sob o céu romano.
Se o amanhecer reserva momentos únicos, o entardecer no Vaticano não fica atrás. Quando os portões se fecham para o público, é possível atravessar a Porta de Bronze, aquela que, por séculos, serviu de passagem oficial para cardeais e embaixadores, e seguir por corredores geralmente inacessíveis. O roteiro revela os aposentos papais, como o pátio de San Damaso, as loggias decoradas por Rafael, a Capela dos Mártires Redentores, a Sala do Duque e a imponente Sala Régia, com afrescos assinados por Vasari.
Entre os destaques, está a visita à Capela Paulina — onde Michelangelo também deixou sua marca — e, claro, o momento mais esperado: estar a sós na Capela Sistina. Sem pressa, sem ruído, sem multidões. Uma oportunidade quase irreal de observar os detalhes do teto e do Juízo Final, perceber as expressões das figuras pintadas, admirar a grandiosidade da obra-prima como jamais seria possível em um dia comum de visitação.
O percurso pode seguir ainda até o Palácio Apostólico, residência oficial do Papa, onde os salões privados e o estúdio papal revelam um lado do Vaticano raramente acessível, ambientes onde decisões fundamentais para a Igreja e para a história foram (e são) tomadas.
E para quem deseja contemplar a grandiosidade da Basílica de São Pedro em um ambiente de rara tranquilidade, há a possibilidade de visitá-la antes da abertura oficial. Ainda vazia, a maior igreja do mundo exibe sua imponência para os visitantes privilegiados. As experiências têm valores a partir de € 9.745.
(Texto Gabriela Povoa)



























