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“Mas você não morre de saudade de morar no Rio?” Essa é sem dúvida a pergunta que os cariocas exilados em SP mais escutam. Ser carioca e morar no Rio é incrível, mas ser carioca em São Paulo e voltar para o Rio de tempos em tempos também tem suas delícias.  

Morar em São Paulo me dá contraste: me faz notar no Rio de Janeiro o que há tempos havia virado rotina, me proporciona, sobretudo, poder vê-la e senti-la com o encantamento de um turista, mas com a vantagem de saber transitar como local.  

E é exatamente isso que você está prestes a ler. Nesse texto, o Rio se revela sem pressa, como quem conhece bem a casa onde mora, mas ainda se surpreende com a vista da janela. Entre ruas, esquinas e paisagens, você talvez não seja carioca, mas há de caminhar como se fosse. 

Maria Helena Pessôa de Queiroz

Em bom carioques, “bora”: 

Primeiramente, deixe-me lhe avisar: sei que você já ouviu muito que o Rio de Janeiro é a “cidade maravilhosa”, mas acredite, o Rio de Janeiro não é uma cidade. É bem mais que isso. É um estado de espírito.  

Lá a vida acontece ao ar livre, entre o morro e o mar, na sombra dos prédios do Centro e sob o sol escaldante do asfalto quente. O Rio é um palco onde a poesia do Leblon e o caos da Avenida Brasil dividem cena, onde a mesma mão que segura uma taça de champagne pode, algumas horas depois, erguer uma lata de cerveja em Copacabana.

É um lugar onde o tempo tem outro ritmo – e não porque as pessoas andam devagar, mas porque tudo muda num piscar de olhos. Ora, e como seria diferente numa cidade onde se tem o privilégio do horizonte a todo tempo, criando um pano de fundo diferente a cada virada de hora?  

O Rio é a pressa do mototáxi, da dondoca que não gosta de sinal fechado, da preguiça da rede na laje, o luxo de Ipanema e a gambiarra genial de quem transforma pouco em muito. É impossível falar do Rio sem falar de suas contradições. A cidade pode ser a mais linda do mundo, com seu Pão de Açúcar riscando o horizonte e suas praias douradas, mas também pode ser dura, crua e imprevisível.

Museu do Amanhã iStock

O Rio acorda cedo com o choro do ônibus lotado e dorme tarde ao som do samba na Lapa. De dia, o calçadão é uma passarela de corpos bronzeados e sorrisos despreocupados; à noite, os becos e vielas revelam histórias que não saem nos cartões-postais. No Rio, a vida pulsa com intensidade máxima, sem ensaios nem edições. 

Mas, apesar de tudo – ou seria por causa de tudo? –, o Rio tem uma energia que vicia. Talvez seja o jeito que o sol bate diferente, ou a maneira como os cariocas driblam a vida com uma malandragem quase coreografada. No Rio, rir de si mesmo é lei, e todo mundo tem um sorriso e uma história absurda para contar.

O Rio é um eterno verão, mesmo nos dias cinzentos (lindos também!). É um palco sem cortinas, onde cada esquina guarda um improviso, cada botequim uma filosofia e cada carioca um pouco de poeta. No fim das contas, amar o Rio é entender que ele é perfeito justamente porque nunca tentou ser. 

E assim é o Rio: intenso, imprevisível, irresistível. Se você se deixar levar, corre o risco de nunca mais querer partir. A partir daqui, vou te contar como viver o Rio como um local – sentir a cidade na pele, entrar no seu ritmo e, quem sabe, se deixar levar por ela. Mas cuidado: depois de experimentar o Rio assim, pode ser difícil querer ir embora. 

Maria Helena Pessôa de Queiroz

Diferente de São Paulo, onde se almoça na hora certa e se janta com reserva marcada, no Rio o dia começa sem compromisso e termina quando bem entender – ou nem termina, se for Carnaval. O carioca não planeja, flui. Acorda, enfia o pé na Havaiana surrada (sempre branca, preta ou aquela azul clara clássica), segue para o seu ponto cativo na praia e, dali em diante, tudo pode acontecer.  

Perdi as contas de quantas vezes saí de casa às 11h para um mergulho e voltei às 4h da manhã, arrastando o mesmo chinelo, a mesma canga e meia dúzia de histórias totalmente não previstas.

O almoço pode ser uma espiga de milho, biscoito Globo e queijo coalho à beira-mar. Ou um bom churrasco no Braseiro da Gavea cujo chope (no meu caso, caipirinha) pode ser o primeiro de uma sequência que vara a noite e num instante, lá está você na fila do BB Lanches, pedindo um pastel às três da manhã, sem nem saber direito como chegou ali e na companhia de alguém que você nem imaginava encontrar. No Rio, a cidade não se mede em horas – se mede em encontros, risadas, e naquele sol que insiste em nascer antes que a festa acabe. 

Por isso, saia sem pressa, sem roteiro e sem preocupações. No Rio, não existe estar fora de lugar – se você tiver um pouco de areia nos pés e um sorriso no rosto, já está devidamente trajado para qualquer ocasião. Ok, talvez não para o Cipriani do Copacabana Palace, mas esse fica para um dia especial. O resto? O resto é só deixar a cidade te levar. 

COPACABANA & LEME  

Verdade seja dita, um carioca dificilmente tomaria café da manhã na rua para depois curtir o dia, mas como você precisará tomar café da manhã na cidade que não é a sua, aqui vão dicas: 

Se a ideia é começar o dia com vista para o mar: o restaurante Arp (no Arpoador) é um ritual delicioso, com clima de férias permanentes. Já que estamos por ali, vale esticar a manhã em um stand-up paddle no Posto 6 em Copacabana. A água é calma, perfeita para remar sem pressa e admirar o Pão de Açúcar de um ângulo diferente. 

Para o fim de tarde ou noite: o bar Caranguejo é o point para quem quer cerveja gelada e petiscos bem cariocas – pastel de camarão e casquinha de siri são pedidas certeiras. Se quiser jantar, dois clássicos: o D’amici: o italiano mais charmoso do Leme, e o Le Blé Noir, em Copacabana. Crepes de trigo sarraceno perfeitos (aqueles típicos da Bretanha) e um vinho branco gelado. Meus prediletos: “erquy”, crepe de queijo emental com mel, amêndoas e presunto cru e, de sobremesa, o de doce de leite (de comer rezando!) 

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Jo Malone
Jo Malone

JARDIM BOTÂNICO & GÁVEA  

O Jardim Botânico é um bairro onde o tempo corre diferente. Árvores centenárias, ruas tranquilas e uma cena gastronômica que mistura tradição e novidade, como o Grado, que traz uma cozinha italiana cheia de personalidade. Subindo um pouquinho para a Gávea, o Braseiro é um templo do churrasco bem feito, daqueles lugares onde o chope vem sempre trincando e a picanha é servida no ponto exato de suculência. É o clássico pós praia do carioca! Já o Guimas tem aquele clima de bistrô afetivo onde todo mundo já tem o seu prato favorito (e eu a minha sobremesa predileta: a mil folhas é a melhor do Rio!) 

LEBLON  

O Leblon tem aquele charme de bairro pequeno, onde cada esquina esconde um clássico. O BB Lanches é quase uma instituição carioca – um balcão sempre cheio de gente tomando sucos absurdamente bons (amo o de conde com maracujá) e devorando sanduíches de pasta de atum ou pastel de carne e queijo. Absolutamente TUDO no BB Lanches é bom e a qualquer hora do dia ou da madrugada. Mas para curtir o BB lanches como local é preciso apreciar o “ballet” dos seus funcionários, que há muito já são personagens na história de todo carioca. Se estiver com desejo de doce, o Leblon reúne alguns dos meus favoritos: “A Colher de Pau”, para o melhor brigadeiro (“Itú sized”!), Bel Trufas (peça o bolo mole de chocolate) ou um Sorvete na Momo Gelateria. 

CENTRO & CULTURA  

Nem só de praia vive o Rio. O centro guarda verdadeiros tesouros para quem gosta de história e cultura. O Gabinete Real Português de Leitura é um mergulho no tempo, com estantes que sobem até o teto e um acervo impressionante, que parece ter saído de um sonho. Depois, vale uma dobradinha de museus: o Museu do Amanhã, com sua arquitetura futurista e exposições interativas, e o MAR (Museu de Arte do Rio), que sempre tem algo instigante acontecendo.  

Perto do centro, no bairro da Glória, o Labuta Mar é um bar especializado em frutos do mar e fundado pelo chef Lucio Vieira. Oferece um ambiente descontraído com mesas na calçada e um espaço arborizado do outro lado da rua equipado com cadeiras de praia. Se você busca algo mais experimental, o listening bar Fatchia é o lugar. Uma experiência sensorial que mistura música e drinks criativos. 

O listening bar Fatchia, na Glória. Divulgação/Fatchia
Divulgação/Fatchia

URCA 

Um bairro de charme histórico, considerado uma das áreas mais pitorescas do Rio de Janeiro, com vistas incríveis do Pão de Açúcar. O bairro é conhecido por sua atmosfera boêmia, com bares tradicionais e restaurantes que atraem tanto moradores quanto turistas. 

Bar Urca: uma entidade carioca que oferece vistas panorâmicas da Baía de Guanabara, conhecido por suas caipirinhas clássicas, é um ponto de encontro popular tanto para locais quanto para turistas. Podemos fazer um combinado? Você se sentará na mureta, que nem um carioca, ok? Obrigada. 

SÃO CONRADO 

São Conrado é um bairro que mistura natureza exuberante com uma vida urbana tranquila, sendo cercado por morros e montanhas, o que proporciona uma paisagem deslumbrante. É famoso por ser o local onde estão a Pedra da Gáveae Pedra Bonita, oferecendo aos aventureiros trilhas e vistas panorâmicas do Rio. A Praia de São Conrado é menos movimentada em comparação com outras da zona sul, como Copacabana e Ipanema. Vale dar uma passada no Quiosque QuiQui, conhecido por sua culinária de alta qualidade, ambiente acolhedor e um lugar delicioso para passar o fim de tarde.  

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BARRA & ILHA DA GIGÓIA  

A Barra da Tijuca é o território do mar aberto, dos esportes e da natureza exuberante. Vale pegar um barquinho e ir até a Ilha da Gigóia, um pequeno paraíso escondido. O Ocya tem vista para a água, drinks incríveis e pratos feitos para serem compartilhados sem pressa. E depois de um dia na Prainha ou de uma visita ao Sítio Burle Marx, nada melhor que um almoço no Restaurante Bira, onde os frutos do mar vêm direto da fonte e o visual do mangue deixa tudo ainda mais especial. 

NOITES CARIOCAS  

Quando a noite cai, o Rio se reinventa. Nos últimos anos, a região de Botafogo passou por uma revitalização significativa, tornando-se um polo de inovação gastronômica e cultural. Esse movimento atraiu um público jovem e descolado, levando os cariocas a apelidarem a área de “Botasoho” (adoro esse apelido) – em referência ao bairro nova-iorquino SoHo – conhecido por sua atmosfera artística e vibrante. Entre os estabelecimentos que contribuíram para essa transformação, destacam-se: 

• Bar Quartinho: famoso por seu ambiente acolhedor e descontraído, o bar tem uma decoração nostálgica com elementos dos anos 1940 e 1960. A atmosfera é bastante informal, ideal para reunir amigos e curtir um bom bate-papo. 

• Bar Chanchada: um boteco tradicional inaugurado no início de 2022, que rapidamente se tornou um ponto de encontro para aqueles que apreciam a cultura carioca autêntica. O ambiente é acolhedor, com mesas na calçada e uma decoração que remete aos anos 1940 e 1960, incluindo capas de LPs que homenageiam o Rio de outros tempos. 

• Sult: para quem ama a culinária italiana, mas com toques brasileiros, o Sult é uma das minhas grandes escolhas hoje. A lasanha de carne com grana padano e pangrattato é imperdível. 

• Sushi Glorioso: uma proposta descontraída de sushi, com ares de botequim carioca, mas mantendo toda a excelência da culinária japonesa. 

No fim das contas, o Rio é isso: uma cidade que se revela nos detalhes, nos encontros, nas mesas bem servidas e nos momentos vividos sem pressa. 

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