Com uma paleta infinita de azuis que vai do céu ao mar, as Ilhas Cayman seduzem à primeira vista. Esse paraíso turquesa — situado 240 quilômetros ao sul de Cuba e 290 quilômetros a noroeste da Jamaica — encanta pela visibilidade absurda de suas águas em mais de 365 pontos de mergulho, um para cada dia do ano.

Mas a essência do arquipélago vai além das águas cristalinas com fauna invejável. Entre praias estonteantes, de areia branquinha, vive uma cultura rica, moldada por influências britânicas, africanas e caribenhas, em que a tranquilidade de um trio de ilhas tropicais — Grand Cayman, Cayman Brac e Little Cayman — se mistura à elegância discreta de um éden ainda intocado.

A grande dama

Cada ilha que compõe o arquipélago tem um jeitinho próprio. Grand Cayman é a maior e mais cosmopolita. É o centro financeiro e comercial do território. Na capital, George Town, o charme caribenho se revela em ruas de casas coloridas, com lojinhas locais, boutiques duty-free e o agito discreto de uma cidade com uma das maiores rendas per capita do Caribe. A convivência de mais de cem nacionalidades dá um tom vibrante a esse paraíso fiscal, onde curiosamente não há pagamento de impostos e o comércio aceita tanto o dólar das Ilhas Cayman (KYD) como o dólar americano (USD).

Arraia no mar cristalino de Cayman Stock/Michael Zeigler
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Pelas calçadas e praças, em vez de cães, galinhas de rua circulam livremente em meio a bancos internacionais, cafés e restaurantes. É que, vez ou outra, os furacões — que podem acontecer de julho a outubro — desfazem as cercas das casas e dão liberdade às galinhas. Atravessando a linha d’água, o Stingray City é um dos lugares mais icônicos de Grand Cayman — aliás, do Caribe. Nasceu de uma tradição simples: pescadores locais paravam ali, em um banco de areia raso, no meio do mar, para limpar seus peixes após o dia de trabalho.

Cayman Brac Claudia Liechavicius

Com o tempo, as arraias, atraídas pelas sobra, passaram a frequentar assiduamente o local, criando uma conexão natural com as pessoas. Hoje, esse santuário marinho se transformou em uma experiência incrível. Ali, banhistas nadam com água pela cintura aguardando ansiosamente o encontro com dezenas de arraias que circulam indiferentes à presença humana. Uma bela sinergia entre história, natureza e cultura local.

Ao regressar do mar, o que arranca suspiros é a areia branquinha da Seven Mile Beach, espalhada por longos 11 quilômetros, sempre acompanhada pelo vaivém das ondas, pelo astral tranquilo da vida local, pelo pôr do sol mais bonito da ilha, por uma sequência de bons hotéis e bela cena gastronômica.

As pequenas notáveis

A segunda maior ilha do arquipélago, Cayman Brac, oferece um ritmo mais tranquilo e selvagem. É conhecida por ter falésias de calcário (os bracs) que se erguem por mais de 40 metros sobre o mar, trilhas, miradouros e cavernas, além de propiciar mergulhos em naufrágios, por isso ideal para quem busca contato com a natureza.

O navio russo MV Captain Keith Tibbetts, doado para Cuba, é um dos naufrágios mais visitados, a uma profundidade de 24 metros. O navio foi afundado propositadamente, na década de 1990, sob supervisão de Jean-Michel Cousteau, e rendeu o documentário Destroyer at Peace. No mínimo, um fato curioso.

Restaurante Agua e brunch do Indigo Grand Cayman Claudia Liechavicius
Restaurante Agua e brunch do Indigo Grand Cayman Claudia Liechavicius

A ilhota tem um pequeno aeroporto — Charles Kirkconnell Airport —, com voos regulares para Grand Cayman. Os pães locais são famosos, especialmente na Pioneer Bakery. Para almoçar, o resort boutique Le Soleil d’Or tem fazenda própria de 20 acres, localizada no alto do Bluff, onde cultivam uma variedade de produtos servidos no restaurante do beach club, em sistema “farm to table”. Vale fazer uma visita guiada pela fazenda para ter uma experiência com o miracle berry, uma frutinha vermelha, originária da África Ocidental, que engana o paladar fazendo com que alimentos azedos pareçam doces. Mágico.

A caçula atende pelo nome de Little Cayman. Tem cerca de 200 habitantes, sendo a menor, mais serena e mais selvagem das três ilhas. É o destino perfeito para mergulhadores e pessoas que buscam isolamento, paz e natureza intocada. A ilha abriga o famoso Bloody Bay Wall, um dos pontos de mergulho mais espetaculares do mundo. Também abriga a maior colônia de atobás de patas-vermelhas do Caribe, o que atrai o olhar dos birdwatchers.

Beira-mar de George Town Claudia Liechavicius

“Entre praias de areia branquinha vive uma cultura moldada por influências britânicas, africanas e caribenhas, em que a tranquilidade de um trio de ilhas tropicais se mistura à elegância discreta de um éden ainda intocado”

De Pedro a George

Com população atual de cerca de 70 mil habitantes, o arquipélago foi oficialmente descoberto em 1503, por Cristóvão Colombo. Seu primeiro nome foi Las Tortugas, tal a quantidade de tartarugas que ali havia. E ainda há, graças ao trabalho de preservação do Cayman Turtle Centre. Não demorou muito até o corsário inglês Francis Drake aportar por lá e rebatizar as ilhas com o nome que hoje carregam. Cayman é um território britânico ultramarino com forte identidade caribenha.

Para fazer uma imersão nesse passado fascinante, o Museu Nacional das Ilhas Cayman, localizado em um casarão do século 12 no coração de George Town, é dedicado à preservação da herança cultural e natural do arquipélago. Inaugurado em 1990, ocupa o edifício público mais antigo de Grand Cayman e reúne mais de 8 mil artefatos marítimos, que vão desde um catboat de 14 pés até registros que revelam as raízes multiculturais do arquipélago.

Naufrágio do navio russo MV Captain Keith Tibbetts iStock/Extreme Photographer,

Não muito longe, Pedro St. James, um monumento conhecido como “Berço da Democracia”, é, na verdade, uma grande propriedade do século 17 que abriga as bases de uma antiga construção de pedra que serviu como palco para a tomada de importantes decisões políticas, como a introdução do parlamento local. Novas etapas vieram. Hoje, o casarão de três andares, cercado de varandas e edificado sobre a estrutura original, tornou-se um museu à beira-mar.

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O fato é que histórias de navegadores, piratas e pescadores ecoam nas conversas regadas a água de coco ou, quem sabe, goles de rum. Afinal, a destilaria artesanal Cayman Spirits Co. é famosa pelo premiado rum Seven Fathoms, envelhecido — por até três anos — em barris de carvalho acomodados no fundo do mar, a 14 metros de profundidade. Um tesouro digno de Piratas do Caribe. A destilaria também produz outros rótulos, como o rum Governor’s Reserve, com sabor de coco e banana

E assim, cada encontro com os locais — sempre orgulhosos de sua terra — transforma a viagem em uma jornada genuína, ao melhor estilo “vaCay” — Vacation in Cayman. Indiscutivelmente, as Ilhas Cayman convidam a desenrolar dias fluidos, naturalmente sem pressa, num paraíso cercado de hospitalidade e de experiências culturais autênticas, entre azuis.

Conheça os melhores restaurantes das llhas Cayman.

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