“A nossa única certeza é a mudança.” Não foram poucas as vezes que ouvi essa frase nos dias em que estive no Ibiti Projeto. Fruto do sonho do empresário Renato Machado, que chegou há 40 anos na região do Parque Estadual do Ibitipoca, o projeto — que já se chamou Comuna do Ibitipoca — se transforma a cada ano pautado em valores como gentileza e generosidade expressos em práticas diárias de cuidar do outro e do planeta.

A inspiração de formar uma comunidade sustentável é disseminada aos quatro ventos e impacta positivamente os hóspedes, que têm a oportunidade de se sentirem parte integrante de uma iniciativa transformadora. Tudo muda, o tempo todo, inclusive uma parte de nós.

Ibiti/Divulgação

Rewilding, potência socioambiental e educação 

Ao longo dos 30 anos de existência, margeando o Parque Estadual do Ibitipoca, a propriedade foi crescendo em tamanho até chegar aos mais de 6 mil hectares que ocupa hoje. Ao mesmo tempo que cresce em área, o Ibiti abre os braços para incontáveis ações, como produção orgânica de alimentos, reintrodução de animais, educação ambiental, preservação e regeneração contínuas, proteção de nascentes e apoio à comunidade local e sua cultura.  

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E acompanhar esse trabalho faz parte dos programas disponíveis aos hóspedes, que realizam verdadeiros safáris para conhecer as ações desenvolvidas e se inserem em cenários de natureza praticamente intocada, onde 98% das áreas são preservadas ou estão em processo de regeneração.  

Rios, circuitos de cachoeiras e lagos com água em tons de ferrugem vão se sucedendo à medida que avançamos por caminhos que podem dar em praias que têm, no lugar da areia, tapetes brancos de quartzito. Pequenos oásis em meio ao verde abundante da região.

Cenário natural e tranquilidade Alexandre Eça

Um exemplo do ineditismo das ações do Ibiti é o projeto de reprodução artificial com muriquis-do-norte, os maiores primatas das Américas, que estão seriamente ameaçados de extinção. Na Muriqui’s House, nome da área onde os muriquis vivem monitorados e cuidados por uma equipe de biólogos e voluntários de várias partes do país, a expectativa é de que dentro de dois anos seja possível obter a fecundação de uma fêmea e ver o nascimento de novos filhotes.  

Os muriquis Ibiti/Divulgação

Outras práticas de atenção ao meio ambiente incluem a utilização de produtos que chegam sem embalagem (ou em embalagem reutilizável/biodegradável). Com isso, todo material reciclável é encaminhado ao centro de reciclagem do projeto e os resíduos orgânicos são compostados, transformados em húmus e usados como adubo.

Farm-to-table: tudo orgânico e direto para a mesa Alexandre Eça

A neutralização e regeneração da pegada de carbono por meio da adoção de áreas que se encontram em processo de regeneração natural está em desenvolvimento com a Mata dos Comuneiros, que ocupa um hectare e neutraliza a pegada ambiental dos funcionários, hóspedes e colaboradores.  

A educação também está na raiz do Ibiti, com espaço para diversidade, inclusão e princípios ambientais.

Heliane Machado, gestora da Life School Alexandre Eça

Escola bilíngue pensada para ser referência no aprendizado transformador, a Life School prioriza o atendimento às crianças da comunidade, mas também recebe alunos “da cidade” e até mesmo os pequenos hóspedes até 12 anos para experiências temporárias de uma semana, 15 dias ou um mês. Na grade curricular, a transversalidade é protagonista com mais espaço para diversidade, inclusão e princípios ambientais.  

Life School no Ibiti Projeto
Ibiti/Divulgação

Dia a dia e opções de hospedagem 

Tomar banhos de cachoeira, fazer caminhadas e passeios a cavalo, jantar em uma caverna, ver de perto a My Big Family, instalação da artista norte-americana Karen Cusolito com sete esculturas em escala grandiosa feitas de metal reciclado, fazer aulas de yoga ao nascer do sol, passear de bike ou simplesmente ver a vida passar em contato com a natureza são atividades que estão no cardápio de serviços proporcionados aos hóspedes.  

A Vila Mogol: porta de entrada do projeto Ibiti/Divulgação

Mogol, a pequena e charmosa vila com vista para a Serra do Ibitipoca, onde pouco mais de 20 moradores conversam na praça e cachorros e crianças brincam na rua, funciona como uma espécie de “capital” do Ibiti. É onde estão instalados a recepção do hotel, spa, restaurante vegetariano, café, cinema e sala de eventos. No melhor estilo rustic chic, são três os conceitos de hospedagem no Ibiti Projeto.  

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Village

O primeiro, Village, na prática envolve casas temáticas instaladas na vila, com decoração individual. A Wangari Maathai, situada no início da vila, é ensolarada e tem cinco suítes, que unem simplicidade e conforto. A Casa Freud, com fachada discreta e simples, ladeada por casas de moradores, esconde um interior surpreendente, com décor inspirado no pai da psicanálise.

Interior da Casa Freud, na Vila Mogol Alexandre Eça

A grande sala de banho fica separada do quarto e conta com uma banheira de alvenaria abaixo do nível do chão. Já Guimarães Rosa é perfeita para famílias: erguida em dois andares, com opção de acesso compartilhado ou independente, a casa é espaçosa e acolhedora, com amplas janelas abertas para o vale, de onde se escuta o som da cachoeira. Também para famílias ou pequenos grupos de amigos, a Casa Thomas Sowell é uma antiga casa de morador, totalmente restaurada. No total, são oito casas temáticas e mais quatro novas opções em estilo lodge instaladas na vila.  

Suíte no Engenho Lodge Alexandre Eça

Engenho Lodge

O segundo conceito é representado pelo Engenho Lodge e pela Casa Carlinhos, com atmosfera típica das antigas fazendas mineiras. Inaugurado em 2008, o Engenho Lodge está listado como um dos melhores hotéis de luxo do país. Por ali impera o charme colonial em oito amplas suítes, que podem ser ocupadas separadamente ou em esquema de buy out. Espere por varandas emolduradas por flores, longa mesa de jantar compartilhável e um clássico fogão a lenha. O hóspede também tem acesso a sauna, jacuzzi, sala fitness e ao Raízes Spa.

Já a Casa Carlinhos possui três suítes, com projeto arquitetônico semelhante ao do Engenho. A maior, com 70 metros quadrados, tem vista para o Pico do Gavião. As outras duas possuem 60 metros quadrados. Todas são decoradas com artesanato mineiro. Quem procura por total privacidade e imersão na natureza encontra no conceito Remote o lugar ideal. As casas ficam mais afastadas, em espaços isolados na extensa área da propriedade.  

Pequenos oásis que surgem em meio às trilhas na propriedade Alexandre Eça

Remote

Nessa região, onde o quartzito forma tapetes de areia e uma cachoeira desce de uma das vertentes do Parque Estadual do Ibitipoca, há duas hospedagens confortáveis e privativas, distantes 18 quilômetros do Mogol e 26 quilômetros do Engenho. O acesso a elas se dá por bicicleta, a cavalo ou em veículos 4×4. A estrada de terra e o isolamento nos lembram que o caminho faz parte da jornada de total intimidade com os cenários naturais.

Vista para a natureza de Minas Gerais Ibiti/Divulgação

Mais radical, o Isgoné Loft é um refúgio nas montanhas, a quase 1,5 mil metros de altitude, distante nove quilômetros do Mogol Village, com acesso a pé ou de bike. Ali a ideia é de isolamento completo, com permanência recomendada de apenas uma noite. Na chegada, a equipe do Ibiti serve uma refeição e deixa duas “mise en place”, garantindo total sossego aos hóspedes.

Conceito Remote: privacidade e imersão na natureza Ibiti/Divulgação

No Ibiti Projeto, as estadias dos hóspedes ajudam a contribuir para uma iniciativa socioambiental de potência inédita no Brasil, que usa o turismo de baixo impacto para regenerar, proteger espécies nativas e apoiar comunidades locais e sua cultura.

Como diria um compositor popular, amar e mudar o mundo me interessa muito mais.  

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