Novos ares e novos destinos sempre são incríveis de se conhecer, e quando o seu destino te leva a novos sabores, a viagem se torna ainda mais memorável.
NOVO CHEF NO FLÔ, EM TRANCOSO
Se Caraíva acabou se tornando mais interessante gastronomicamente que Trancoso, com uma oferta de restaurantes com propostas únicas na região – o peixe fresco assado à beira-rio no Kôa; a pizza de fermentação natural com combinação de ingredientes muito bem-sucedida n’O Forno; e os pratos refinados e consistentes do Dêze –, chegou a hora de os dois melhores restaurantes de Trancoso, o Flô e o Praia Flô, trazerem o chef do Dêze, Yuri Escobar, para suas cozinhas, seguindo a proposta de comida mediterrânea, mas reformulando todo o cardápio.
Espere por entradinhas deliciosas para compartilhar, muitos ingredientes frescos preparados na brasa e um inesquecível ravióli de pupunha com creme de castanha-de-caju, legumes braseados e redução de vinagre balsâmico. @flotrancoso
CONEXÃO FRANÇA-RIO
Quarta geração de uma família de grandes chefs franceses (seu avô foi um dos criadores da nouvelle cuisine e seu tio tem um restaurante triestrelado na França), o chef Thomas Troisgros acaba de abrir o Oseille, no mesmo casarão de Ipanema onde funciona seu restaurante Toto. No segundo andar, com um balcão que atende a apenas 16 comensais por vez – todos no mesmo horário –, a proposta do restaurante cujo nome significa “azedinha”, essa folha de sabor ácido, rica em nutrientes e originária da Europa, é a de fine dining, com menu-degustação de cinco ou sete etapas, harmonizado com vinhos e aberto só para jantar. O mais importante, no entanto, é que o chef está sempre na cozinha, atendendo pessoalmente os clientes. @oseillerestaurante
NOSSO PARIS
Carioca radicada na Cidade-Luz há 25 anos, está brilhando entre os críticos franceses a chef Alessandra Montagne com seu restaurante Nosso, no 13ème arrondissement. Ao lado da grandiosa biblioteca nacional François Mitterrand e projetado com concreto, madeira e vidro, com grandes janelas que dão para o bairro que não tem grandes atrativos turísticos, a chef propõe uma gastronomia criativa, contemporânea e sustentável, com ingredientes locais franceses, sazonais, orgânicos e, importante, com zero lixo.
Com influências que vão do Brasil às muitas cozinhas asiáticas – pense em um pão de queijo com caviar –, o menu é enxuto comme il faut e os pratos são lindamente executados e apresentados. Em uma cidade com tantas influências culinárias, por que não degustar a criatividade e as referências de chefs brasileiros com técnica e ingredientes franceses? nosso-restaurant.fr
IMERSÃO CULINÁRIA NA SICÍLIA
Em um país cujas relações sociais giram em torno da mesa e onde as tradições culinárias variam bastante de região para região, não há dúvidas de que a comida é uma grande forma de se conectar com o destino. Ainda mais na Sicília, essa ilha da Itália que sofreu enormes influências normandas, árabes, francesas e… italianas (é sempre bom lembrar que a Itália como país unificado só existe há pouco mais de 150 anos).
Para isso, a Rocco Forte – a mais italiana das redes de hotéis de luxo – criou retiros culinários: roteiros de quatro noites que incluem no itinerário aulas de cozinha, visitas a produtores locais, almoços e jantares em cenários de sonho – o próprio hotel Villa Igiea, em Palermo, e o resort Verdura já o são – na companhia do chef Fulvio Pierangelini, responsável pela gastronomia dos hotéis Rocco Forte há mais de 15 anos.
HÉLÈNE DARROZE NO ROYAL MANSOUR
É antiga a influência do savoir-faire francês sobre a elite marroquina e os hotéis de luxo de Marrakech, tanto no La Mamounia como no Selman, na Villa des Orangers e no Royal Mansour, que acaba de abrir seu segundo endereço em Casablanca, cidade que é o coração financeiro do Marrocos. Depois de anos liderando a gastronomia desse palácio localizado no coração de Marrakech, o chef Yannick Alléno dá espaço para Hélène Darroze, chef francesa que ganhou três estrelas em seu restaurante londrino no hotel The Connaught e que chega ao Royal Mansour para abrir seu quarto restaurante, o primeiro fora da Europa: La Grande Brasserie.
Como toda brasserie francesa – apesar do décor marroquino –, o restaurante abre todos os dias, do café da manhã ao jantar, passando pelo almoço e pelo chá da tarde. Além disso, seguindo a tradição do frango assado das famílias francesas aos domingos, serve o poulet du dimanche no almoço desse dia da semana, uma refeição que pode ser finalizada com o baba à l’armagnac, uma das sobremesas-assinatura de Darroze.
O MELHOR DA ÁSIA
Na cidade que mais acumula estrelas Michelin no mundo, Tóquio, e em um país com uma cultura gastronômica secular e riquíssima, o Japão, não é tarefa fácil para um restaurante – ainda mais para um jovem chef britânico – chegar ao topo da lista de melhores restaurantes da Ásia. Restaurante principal do hotel Four Seasons Tokyo at Marunouchi, o Sezanne faz companhia a outro restaurante tokyoïte, o Florilège, que ocupa o segundo lugar no pódio do Asia’s 50 Best Restaurants 2024, além de ter ganhado sua segunda estrela Michelin em 2023.
Com um cardápio de base francesa e influências multiculturais, sabores minimalistas e aproveitamento dos melhores ingredientes japoneses – ostras de Akkeshi, batata-doce de Kagoshima, morangos de Fukuoka –, o restaurante que leva o nome de uma das cinco regiões produtoras de champagne (citadas pelo historiador Pierre Legrand d’Aussy já em 1782), como não poderia deixar de ser, impressiona pela adega, com muitos rótulos raros.
VIRGILIO MARTINEZ NO ATACAMA
Come-se muito bem nos bons hotéis do Atacama, esse que é o deserto mais seco do planeta. O Explora Atacama trouxe para sua cozinha a visão de Virgilio Martinez, chef responsável pelo Central, restaurante da capital peruana considerado há tempos um dos melhores do mundo.
Célebre por ter colocado o holofote nos ingredientes indígenas e por ter os Andes como base da sua cozinha extremamente elaborada, o chef se propôs a fazer no Atacama uma gastronomia do deserto, pesquisando ingredientes locais – como a rica-rica, o chañar (fruta com a qual se faz um sorvete delicioso), o algarrobo, o cachiyuyo –, conhecendo as tradições dos povos que habitam essa região há milhares de anos e estabelecendo laços estreitos com as comunidades atacameñas.
HOT SPOT EM LONDRES
Com dois anos de atraso, foi aberto o esperado Cocochine em Mayfair, um dos códigos postais (W1) mais icônicos de Londres e do mundo, fruto da união do galerista Tim Jefferies – dono da Hamiltons, que representa grandes nomes da fotografia mundial como Avedon, Moriyama e McCullin – com o chef cingalês Larry Jayasekara, antigo chef-executivo do restaurante Pétrus, de Gordon Ramsay.
O Cocochine está distribuído por quatro andares, mas tem somente oito mesas para almoço ou jantar no térreo (com apenas uma reserva por mesa e por turno), sete lugares no balcão do chef no primeiro andar e uma deslumbrante sala de jantar privativa no último andar, desenhada pelo próprio Jefferies em colaboração com Jonathan Reed, para abrigar fotografias cujos preços alcançam os sete dígitos. No cardápio à la carte, ingredientes caros (servidos de forma abundante) e temperos asiáticos, incluindo, claro, os vindos do Sri Lanka, terra natal do chef. thecocochine.com