O ano de 2015 é um marco para o Alentejo. Com o lançamento do Programa de Sustentabilidade do Vinho (PSVA), a região se colocou na vanguarda das ações no campo da sustentabilidade em Portugal, servindo de exemplo a todas as áreas de produção de vinhos do país.
O PSVA, que ganhou em 2023 sua versão 2.0, tem promovido a produção sustentável da vinificação, aliando a viabilidade econômica dos produtores à preservação do meio ambiente, especialmente levando em conta as alterações climáticas, que foram duras e inéditas nos últimos anos. Tudo isso mudou o jeito tradicional de cultivo das uvas e a produção dos seus vinhos premiados, que ganham cada vez mais espaço no mercado internacional e fazem o visitante ter a oportunidade de conhecer de perto uma cultura que move a economia alentejana.
O Alentejo tem campos tomados por vinícolas que se espalham em oito regiões demarcadas. Mas, como lá tudo é produzido com respeito, no tempo certo, com qualidade e carinho, estamos falando de bebidas reconhecidas por selos e premiações, como o milenar Vinho de Talha. Essa cultura torna o lugar perfeito para atividades de enoturismo, que vão de passeios por enotecas – que são verdadeiras obras de arte! – até a tradicional vindima, que permite ao visitante participar do processo da colheita e aprender com os mais de 250 produtores locais.
Essa transformação, que ainda está em curso, vem de encontro a novos paradigmas do século 21, em que as diretrizes e normas globais de ESG estão no centro das atenções. Na prática, o que vemos por lá são iniciativas que não ferem o tradicionalismo dos seus produtores: utilização de animais, como ovelhas, gansos e galinhas para combate a pragas nas vinhas, reduzindo a utilização de herbicidas e pesticidas; a instalação de medidores de vazão para controle do consumo de água; capacidade de retenção de água, aumentando a matéria orgânica ou capturando dióxido de carbono; e reciclagem de materiais e treinamento de profissionais.
O luxo que vem da terra
Nascida em 1998, fruto da determinação da família Soares em produzir nas suas terras vinhos de qualidade, a Herdade da Malhadinha Nova de imediato encarou o desafio de manter a sustentabilidade eo equilíbrio natural de uma propriedade singular em Albernoa, no coração do Baixo Alentejo.
Combinação de hotel e vinícola, a Malhadinha Nova é um ecossistema perfeito: em suas terras espalham-se olivais tradicionais, searas de trigo, aveia e cevada, criação de espécies animais como vacas puras e certificadas alentejanas, ovelhas merinas alentejanas e cavalos puro-sangue lusitanos. Todas as casas – que servem de acomodações para os hóspedes – foram reconstruídas a partir de ruínas seculares já existentes, sem grandes interferências que pudessem abalar o equilíbrio do ambiente.
A Herdade da Malhadinha Nova foi uma das pioneiras na obtenção do selo de Produção Sustentável atribuído pelo Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), com a utilização de energia solar em todas as unidades e de caldeiras de aquecimento a lenha proveniente da poda das azinheiras. Atualmente, 40% da energia consumida na herdade é gerada na propriedade.
A Tapada de Coelheiros
Outro exemplo bem-sucedido de aplicações sustentáveis em um modelo de negócio é a vinícola Tapada de Coelheiros. Em Arraiolos, ao norte de Évora, o enoturismo no empreendimento passa por mais do que apenas provar vinhos. Apostando na agricultura biológica e regenerativa, as vinhas da propriedade encontram-se inseridas num mosaico de diferentes culturas: oliveiras, nogueiras, pinheiros e dezenas de espécies vivem de forma integrada num ecossistema muito bem equilibrado. Por isso, nos seus programas, os passeios de jipe proporcionam um tour pelos 800 hectares onde os visitantes podem observar as ovelhas, os veados e os gamos, assim como diversas espécies de aves, lebres e coelhos que ajudam a manter o equilíbrio do ecossistema.
Os passeios podem incluir provas de vinho e almoço servido num ponto alto da propriedade, eventos e atividades personalizadas como piqueniques, passeios pedagógicos, almoços corporativos, entre outros. Em 2022, a Tapada recebeu a certificação de agricultura biológica de suas vinhas. De acordo com o proprietário, Alberto Weisser, “esta biodiversidade, que é única na Tapada de Coelheiros, favorece um equilíbrio natural da propriedade e permite criar um impacto positivo e qualitativo na cultura da vinha, minimizando a necessidade da nossa intervenção”.
A Tapada de Coelheiros, que já conta com a certificação de Produção Sustentável pelo PSVA, assume uma visão integral daquilo que é a produção sustentada dos seus vinhos, com práticas agrícolas não só biológicas, mas também regenerativas
Para conhecer além dos vinhos
Évora
Cidade-museu localizada a 132 quilômetros de Lisboa, revela em seu Centro Histórico influências romanas, visigóticas e árabes, e guarda vestígios comais de 2 mil anos. Na Anta do Zambujeiro dá para sentir a mística do Cromeleque dos Almendres: um dos mais importantes monumentos megalíticos da Europa, com 95 monólitos que preservam histórias de deuses ancestrais. Do templo romano à Sé, passando pela Igreja de São Francisco e pela Capela dos Ossos, por Resende ou pela Praça do Giraldo, a beleza de Évora atravessa o tempo.
Elvas
A 200 quilômetros de Lisboa, traz sua história como “Rainha da Fronteira” escrita em cada pedra das suas fortificações. Quem chega lá é recebido por um grandioso aqueduto com 8 quilômetros e 843 arcos, construído pelo arquiteto Francisco Arruda, que também projetou a Torre de Belém, em Lisboa. Junto com as muralhas, a cerca medieval, os três fortins, o Centro Histórico, os fortes de Santa Luzia e de Nossa Senhora da Graça estendem-se ao longo de 300 hectares e fazem da cidade a mais fortificada do mundo.
Gastronomia regional
A culinária alentejana se mostra cheia de personalidade. Nos restaurantes da região, as sopas de peixe, as migas com carne de porco, pratos de caça e os doces criados nos conventos mostram o que a região tem de mais genuíno. Sem falar nos famosos azeites, sempre lembrados entre os melhores do mundo, que, combinados com pão e ervas aromáticas, formam uma cozinha repleta de afeto e intimamente ligada aos produtos do campo.
Natureza fascinante
Se o desejo for respirar ar puro se perdendo por paisagens que mais parecem telas impressionistas, eis mais um motivo para conhecer o Alentejo. Lá há muitos lagos tranquilos, como Alqueva, o maior lago artificial da Europa, onde é possível passear de barco e praticar uma série de esportes. Tem ainda três parques e duas reservas naturais para fazer caminhadas, pedalar ou sossegara alma. Nos céus de Évora, inclusive, dá para fazer paraquedismo ou skysurfe. E, quando o calor do verão apertar (pode passar dos 30 graus), a costa alentejana, com mais de 140 quilômetros de praias de areias douradas, é o destino perfeito para se refrescar.
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Herdade da Malhadinha Nova
Sempre lembrada como um dos melhores hotéis de Portugal, a Herdade da Malhadinha Nova se inspira no melhor das tradições portuguesas combinadas com conforto e design contemporâneos. Móveis e iluminação de Philipe Starck, Charles & Ray Eames e Mariano Fortuny estão presentes num ambiente rural e acolhedor para propiciar experiências exclusivas, que incluem vinoterapia, jantares ao som de música tradicional e semanas temáticas de fotografia, pintura, gastronomia, aventura, vinho, yoga e hipismo.
Convento dos Espinheiros
A apenas dez minutos do centro de Évora, o hotel é rodeado por paisagens bucólicas, tipicamente alentejanas, que podem ser observadas das suas 92 acomodações, das quais dez são suítes (a Suíte Real tem 110 metros quadrados e ligação direta com a igreja), algumas instaladas na parte histórica do edifício, outras erguidas em uma ala moderna, com mobiliário assinado por nomes como o designer Philippe Starck e a casa de moda Dolce & Gabbana. No coração do hotel há um spa com linhas de tratamento assinadas pela marca inglesa SPA, dois restaurantes, winebar e adega, além de piscinas indoor e outdoor.