Treze telas desse paulistano que se tornou um renomado artista global, já podem ser vistas na inauguração de um novo espaço histórico em Miami.

Reconhecido internacionalmente por seus grandes murais em espaços públicos urbanos, o artista visual brasileiro Eduardo Kobra vem alcançando sucesso com suas telas. Acaba de chegar de Pisa, na Itália, onde abriu a exposição “Recortes”, no Palazzo Blu. 

Kobra é um dos importantes artistas que integram a mostra ‘Gimme Shelter’, aberta ao público no dia 9 de dezembro de 2023 no The Historic Hampton House Museum of Culture & Art, em Miami. A exposição teve como ponto de partida a incrível coleção particular da filantropa e mecenas norte-americana Beth Rudin DeWoody – e integra a programação oficial da Art Basel Miami Beach, considerada a principal feira internacional de arte contemporânea da América do Norte. As telas ficam expostas ao público até o dia 22 de janeiro de 2024.

O artista brasileiro terá 13 telas expostas, um conjunto denominado ‘Black Lives’. São retratos de personalidades negras relevantes para a cultura mundial, além de obras que trazem mensagens antirracistas e em prol da coexistência. “São valores constantes em minha carreira e é extremamente importante trazer estas telas para um espaço tão significativo como é Hampton House”, afirma o artista.

O Hampton House é uma peça importantíssima da história negra de Miami. Trata-se do único remanescente preservado dentre os hotéis dali que constavam do icônico ‘The Negro Motorist Green Book’, um guia de viagem feito para afroamericanos em um tempo de segregação racial – ou seja, contendo os locais que aceitavam negros e que eram seguros para eles.

Em 1976, o hotel fechou as portas e o edifício, que já havia recebido ilustres hóspedes como Martin Luther King, Nat King Cole e Muhammad Ali, ficou abandonado até o início dos anos 2000. Deteriorado, chegou a estar em vias de demolição. Até que um grupo de defensores do patrimônio histórico conseguiu que o imóvel fosse protegido e convertido em museu.

OBRAS REMETEM À HISTÓRIA DA HAMPTON HOUSE

Kobra traz em suas telas personagens icônicos que ficaram hospedados no hotel, entre os anos 1950 e 1960, como Louis Armstrong, Stevie Wonder, Marvin Gaye, James Brown. “É uma celebração desses grandes artistas que passaram por ali”, conta o artista. Personalidades não só da música, mas do esporte e da política, também estão entre os escolhidos. 

Martin Luther King tinha um quarto para ele no hotel, onde havia inclusive uma porta de fuga. Foi lá onde fez os ensaios para o seu discurso histórico “I have a dream”, proferido em Washington em 1963, e que reuniu 250 mil pessoas para defender a liberdade e justiça para a população negras. O líder é retratado por Kobra na obra “Martin Luther King”, com a multidão ao fundo. O boxeador Muhammad Ali, o ativista Malcom X, o jogador de beisebol Jackie Robinson, também estão entre os ícones retratados pelo artista brasileiro. “A história do racismo e da segregação são muito fortes. Eu não poderia deixar de estar presente neste lugar que dialoga tão fortemente com o engajamento que trago na minha obra”, afirma Kobra. 

No início do ano que vem, Kobra irá ainda fazer um mural de 19 m x 9 m em frente à instituição – seguindo a mesma linha temática. A mostra em Miami vem na esteira de uma outra exibição internacional que, cada vez mais, firma o nome de Kobra também entre o dos grandes artistas de telas da contemporaneidade. Em outubro, ele abriu sua mostra ‘Recortes’ no museu Palazzo Blu, em Pisa, na Itália – inéditas, as obras podem ser conferidas até o começo do ano que vem. 

No fim de novembro, Kobra também inaugurou um espaço dedicado a suas obras na 5ª Avenida, em Nova York. Batizado de Hall of Kobra, é organizado e mantido pela galeria que representa o artista.

DA PERIFERIA DE SÃO PAULO PARA O MUNDO

Nascido na periferia de São Paulo em 1975, Eduardo Kobra se tornou um renomado artista global, com murais em cinco continentes. Ele detém recordes, incluindo o maior mural grafitado do mundo, e feitos como um painel de quase 500 metros quadrados instalado na sede da ONU, em Nova York.

Além disso, ele é reconhecido por galerias e museus e, recentemente, um filme sobre sua vida ganhou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Kobra é conhecido por sua sensibilidade às questões sociais, representando causas ambientais, direitos humanos e paz em seus murais. Ele também fundou o Instituto Kobra, que busca transformar vidas através da arte, por meio de diversas ações e em projetos humanitários. 

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