A onda dos “bares de audição” teve origem no Japão na década de 1950, após a Segunda Guerra Mundial, com os jazz kissaten, cafés com sistemas de som de alta qualidade onde as pessoas iam para ouvir discos de jazz. O conceito então se popularizou e os listening bars evoluíram para novos formatos, até chegar às diversas configurações que temos hoje.

A tendência, que oferece uma bela oportunidade de se reconectar com a música, é acompanhada de boa comida e bebidas, além de um espaço aconchegante. É a experiência analógica voltando com tudo na forma de apreciação de bons vinis. Trata-se de um espaço controlado e tranquilo para se embalar com as músicas, sem pessoas trombando em você, nem deixando cair bebida nos seus sapatos. 

Os equipamentos são um ponto crucial dos estabelecimentos e, muitas vezes, um espetáculo à parte, com direito a caixas de sons de altíssima qualidade e tecnologia de ponta quando o assunto é acústica. Veja abaixo 5 listening bars que se destacam pelo mundo e podem render uma bela oportunidade de conhecer um novo som incrível: 

Formosa Hi-Fi São Paulo 

O ambiente do Formosa Hi-Fi, em São Paulo. Reprodução/Instagram/@formosahifi

O novo empreendimento de Facundo Guerra se autodenomina como um templo acústico no coração de São Paulo. Localizado no Vale do Anhangabaú, ele ocupará a icônica Galeria Formosa, a poucos metros do Theatro Municipal, embaixo do Viaduto do Chá. Sua acústica está à altura das grandes salas de concerto com uma curadoria especializada, um local feito para se ouvir música com atenção e qualidade. O projeto é assinado pelo Acústica & Sônica, responsável por lugares como Lincoln Center, em Nova York, e a Sala São Paulo. Os drinks seguirão a alta coquetelaria e serão assinados por Michelly Rossi, responsável pelos menus do Bar dos Arcos, Blue Note São Paulo, Riviera Bar, entre outros. O Formosa Hi-Fi tem abertura marcada para junho.  

Onda – Milão

O minimalismo do Onda, em Milão. Nicolò Panzeri/Instagram/@onda_milano
Nicolò Panzeri/Instagram/@onda_milano

Parte do coletivo gastronômico SideWalk Kitchens, o Onda, em Milão, é o mais novo local para os amantes de drinks e boa música. Funcionando como um café de manhã, à noite DJ sets e apresentações musicais tomam conta do espaço. E quanto à acústica, o bar possui uma seleção de aparelhos de áudio para nenhum connoisseur colocar defeito, incluindo um par de alto-falantes Altec A7-500-8E “Voice of the Theatre”, de 1983, equipados com drivers de compressão de alta frequência Altec Lansing 909-8A. O ambiente, embalado por playlists de jazz, funk e disco dançante, tem vibe minimalista e é composto por aço, travertino, madeira e poltronas de veludo mostarda. Na carta, coquetéis clássicos, como Negroni, e para comer acepipes e entradinhas como salada de batata, pão com tomate e sardinha com torradas.  

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Spiritland – Londres 

Aberto há quase uma década, o bar localizado no bairro do King’s Cross, foi fundado por Paul Noble, que trabalhava como produtor de rádio e engenheiro de som quando teve a ideia de mudar de carreira após algumas viagens à Tóquio. Inspirado pela cena dos listening bars no Japão, onde tudo começou, o resultado foi o Spiritland, um café e bar onde a música é central, mas também é possível bater um papo, fazer uma refeição e tomar um café ou coquetel. 

Com lindas caixas de som ocupando uma parede do espaço, há amplificadores valvulados, subwoofers colossais, alto-falantes de médio alcance e para completar a vibe, toca-discos vintage. Entre os DJS estão nomes consagrados como Jarvis Cocker e Jonny Trunk, com playlists sempre criteriosas de gêneros variados, indo do eletrônico, até o boogie, passando pelo jazz, funk e soul, até a música brasileira. O cardápio oferece muitas opções, desde shakshouka com ovo pochê, até saladas e hot dog. Para beber, drinks e boa seleção de destilados.  

Os equipamentos do Listener. Divulgação/Listener

Bar Martha – Tóquio 

O mais rigoroso dentre todos, no Bar Martha o cliente nem sempre tem razão. Frequentado por audiófilos, em primeiro lugar vem a audição da música e definitivamente o bate papo fica em segundo plano. Esse não é um lugar para conversas animadas e celebrações de grandes grupos combinam melhor em um izakaya. Fundado por Wataru Fukuyama no bairro de Ebisu, o local tem mais de 6 mil discos de vinil e caixas de som Tannoy, da década de 1960. Quanto à playlist, ela nunca se detém a apenas um gênero e sempre acompanha o fluxo de clientes. No total só podem entrar 50 pessoas ao mesmo tempo, que podem escolher entre se sentar na bancada e se servir de bons rótulos de whisky, ou se acomodar em mesas mais ao fundo. Outro detalhe importante é que fotos são proibidas e o dono não tem nenhuma intenção de estar nas redes sociais.  

Listener – Paris 

A fachada do Listener, em Paris. Divulgação/Listener

O bar parisiense, localizado no 2º arrondissement, possui equipamentos de última geração e permite que o cliente viva uma experiência imersiva. É possível personalizar a sessão de acordo com suas preferências e redescobrir suas músicas favoritas como se fosse a primeira vez. Com uma combinação única de serviços, o bar é composto por uma sala de audição subterrânea, com ambiente minimalista, sofás anos 70, móveis de design e um teto que se eleva a cinco metros. Já a parte tecnológica inclui amplificadores Aries Cerat e alto-falantes Tune Audio Anima. Para completar, um momento mais introspectivo pode ser vivido em cabines privadas com fones de ouvidos de alta definição para “cochilos musicais”. Já a parte gastronômica do bar/cafeteria proporciona uma variedade de vinhos orgânicos, cervejas artesanais e pratos de seus parceiros locais.  

(Texto Miriam Kaibara) 

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